domingo, 23 de agosto de 2020

Indicação: filme "A sociedade literária e a torta de casca de batata"

Hoje vou indicar um filme suuuper legal que descobri por acaso. Sabe quando você termina de assistir um filme na Netflix e aparecem algumas opções de filmes/séries com temática parecida como sugestão? Foi o que aconteceu. Quando terminei de assistir o filme Mary Shelley, a cinebiografia da escritora que deu origem à Frankenstein (resenha aqui), apareceram duas opções de filmes com temática parecida. Um deles era "A sociedade literária e a torta de casca de batata". A princípio, achei o nome bastante interessante e engraçado e, como a história era uma trama de época/literária (já falei o quanto eu AMO filmes/séries históricos), resolvi colocar na minha lista para assistir.



O longa, estreado em 2018 e dirigido por Mike Newell ("Harry Potter e o Cálice de Fogo'') e produzido pela Netflix, é uma ficção, baseado no livro homônimo de Mary Ann Shaffer e Annie Barrows.

A história se passa em 1946, quando a escritora londrina Juliet Ashton (Lily James) começa a trocar cartas com Dawsey Adams (Michiel Huisman), morador da ilha de Guernsey (Canal da Mancha), que foi ocupada por nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Nessa troca de cartas, ela é convidada a conhecer uma sociedade literária secreta fundada na época da ocupação nazista por amantes de leitura, chamada "Sociedade literária e a torta de casca de batata". Juliet decide conhecer pessoalmente a sociedade, e se depara com muitos mistérios e histórias envolvendo seus integrantes. Por conta de todas as vivências e dos laços afetivos que criou, Juliet, já de volta à Londres, decide escrever um livro contando sobre a sociedade literária.

membros da Sociedade Literária


Minha opinião sobre o filme e porque indico

Esse filme, pra mim, foi um verdadeiro achado. A narrativa é contada com bastante sensibilidade, nos envolvendo dentro da história.  Embora o nome do longa seja engraçado e curioso a princípio, é cheio de marcas e traumas do pós guerra.  

Como herança da Segunda Guerra Mundial, a pobreza era extrema e a única coisa que eles comiam em abundância era a batata. O nome da sociedade, "Sociedade literária e a torta de casca de batata", veio do fato de que a pobreza era tanta, que a torta que um dos membros fazia para as reuniões do grupo tinha como único ingrediente, adivinha: a batata (e a casca por cima). A torta era tão ruim que os membros só conseguiam ingeri-la tomando uma dose de bebida alcoólica junto. Porém, a torta estava sempre lá, em cada reunião, o que é um tanto quanto curioso, já que seu gosto era extremamente detestável. 

Na verdade, a torta é o símbolo de feridas que a guerra deixou não só nos membros da sociedade, mas em todos os moradores da ilha: a fome, a violência e o desaparecimento de entes queridos. Por conta desses fatores, que só descobri assistindo ao filme, achei o nome da sociedade bastante inteligente e cheio de críticas.




A fotografia do filme e os figurinos são bem legais, além das lindas casas de campo e paisagens. Os personagens também me cativaram e me fizeram ficar grudada na cama para assistir todo o desenvolvimento da história (a coisa mais rara é eu assistir um filme inteiro de uma vez!). Juliet também é uma personagem com a qual eu me identifiquei bastante, já que, como ela, eu também amo escrever, ouvir histórias e relatá-las. 

Outra coisa bastante positiva e que me fez refletir, é o fato de como a arte pode tocar e salvar as pessoas, mesmo quando tudo à nossa volta está um verdadeiro caos. A sociedade foi fundada na época da ocupação nazista (por isso, na ocasião de sua fundação, era uma sociedade secreta), e os membros desfrutavam, com muita alegria e entusiasmo, de cada encontro, confraternizando e lendo trechos de vários livros. E isso é mostrado com bastante sensibilidade no filme. Eram encontros onde os membros podiam esquecer todas as coisas ruins que estavam acontecendo e focar nas histórias que eram apresentadas através dos livros. Em uma época onde não havia internet e celular, o hábito da leitura era algo bastante apreciado para distrair a mente e aprender, e a sociedade utilizava isso como forma de lidar com a guerra/ocupação alemã. A máxima de que "livros salvam vidas" é real.

Acredito que, embora seja um filme leve, no melhor sentido "água com açúcar", ainda assim ele é capaz de nos arrebatar e nos fazer tentar entender como era viver nos anos pós Segunda Guerra Mundial, com todas as marcas e dificuldades que existiram nesse período. Cada personagem possui suas singularidades e histórias únicas de vida que acabam se cruzando conforme a narrativa é desenvolvida, o que nos faz criar um elo sentimental e empático com cada um deles. Indico o filme principalmente para quem gosta do gênero histórico/literário, pois é uma história bem leve para assistir e relaxar a mente. 



Abaixo, deixo o trailer do filme, que por enquanto está disponível na Netflix. 


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